
Guia completo sobre transporte de materiais biológicos
O transporte de material biológico é uma demanda comum às empresas de transporte, mas que requer cuidados muito específicos. A Anvisa determina as regras de acordo com os diferentes modais, o que deve ser observado com atenção pelos prestadores de serviço. As boas práticas visam preservar o material adequadamente, além de garantir a proteção de todos os colaboradores envolvidos na cadeia logística.
A falta das condições mínimas adequadas pode resultar na perda do material — por conta de fatores externos de preservação inadequada ou até mesmo por manuseio errado. Outro problema é a possibilidade de infecção dos trabalhadores durante o manuseio. Para evitar esses riscos, parâmetros de transporte, controle e outros pontos devem estar alinhados.
Neste post você saberá como o deslocamento de materiais biológicos deve ser feito de acordo com as normas da Anvisa. Confira!
Quais são as normas da Anvisa?
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) fiscaliza e regulamenta o manuseio de materiais como medicamentos, além das amostras biológicas no Brasil. Rigorosamente, toda atividade relacionada a esses produtos deve passar pelas autorizações da instituição, que tem importante papel na maneira como essas práticas são realizadas. Por ser um órgão federal, vinculado ao Ministério da Saúde, ele tem poder de regulamentação — e é a partir daí que as transportadoras precisam ter atenção às normas estabelecidas.
O transporte de material biológico está submetido, assim como outras atividades, ao controle de vigilância sanitária, uma das principais responsabilidades da Anvisa. Esse trabalho tem a proposta de manter o controle da preservação dos materiais, assim como prezar pela proteção de quem trabalha com eles. Por conta disso, regras são estabelecidas com rigor a fim de evitar qualquer infecção.
A Anvisa também trabalha na fiscalização dedicada aos diferentes modais de transporte no Brasil, já que, dessa maneira, garante práticas ideais, independentemente da escolha de envio das cargas. Diante disso, há também a observação do cumprimento dos regulamentos sanitários obrigatórios no Mercosul e mundialmente.
Transporte terrestre
O modal terrestre é o mais requisitado no Brasil, com 58% das demandas passando pelas estradas e rodovias do país. Todo esse potencial se mostra importante para o transporte de material biológico, que deve ser praticado com o rigor exigido pela Anvisa. Vale ressaltar que ele que também conta com a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e suas determinações para as boas práticas.
Quanto às regulamentações que devem ser observadas no transporte terrestre, é importante ficar atento à:
- resolução 420 de 2004, da ANTT
- resolução 3.655 de 2011, da ANTT
- resolução 3.762 de 2012, da ANTT
- exigências e regulamentações cadastrais da Anvisa
No transporte em si, é importante observar os parâmetros de armazenamento, que deve ser feito com embalagens rígidas e o condicionamento climático adequado.
Transporte aéreo
Outra ótima opção de transporte é por meios aéreos, já que esses são os mais rápidos, seja no território nacional, seja em entregas internacionais. Ainda que o custo seja mais alto, naturalmente, o modal aéreo é aquele que melhor garante o cumprimento de requisitos de conservação do material.
A regulamentação, além dos padrões tradicionais de regras da Anvisa, precisam respeitar também as determinações da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). Entre as recomendações nacionais e internacionais, é importante se manter atento às seguintes regulamentações e acordos:
- RBAC 175 da Anac
- IS 175-00A de 2004 da Anac
- regulamentos de embalagem e transportes da ONU
- regulamentos de transporte e embalagem da World Customs Organization
- manual IATA Dangerous Good Regulations da Associação Internacional de Transportes
Aéreos (IATA)
Transporte aquaviário
Outra possibilidade em se tratando de modais nacionais são os transportes aquaviários, que têm uma demanda crescente em todo país por conta da característica litorânea do Brasil. Assim, é possível aproveitar a infraestrutura de portos e da malha hidroviária para fazer o transporte de materiais. Portanto, é recomendado que essa atividade seja apenas para destinos internos, uma vez que o transporte aquaviário é o menos ágil entre todos. Ainda que seja possível enviar para todo mundo, esse tempo em curso exige uma conservação ainda mais rigorosa dos produtos — o que nem sempre é possível.
Quanto às regulamentações, a Anvisa fiscaliza junto à Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq). É importante ficar atento a resoluções e instruções como:
- resolução 2.239 de 2011 da Antaq
- Código Marítimo Internacional de Mercadorias Perigosas (IMDG)
- classificação e rotulagem com base nos parâmetros da Organização Mundial da Saúde
(OMS)
Regulamentações sanitárias
A Anvisa, por meio do RDC no 20 de 2014, define os regulamentos sanitários para transporte de material biológico humano, com regras bem definidas em relação à classificação, vedação, proteção e outros parâmetros que devem ser aplicados aos produtos. A proposta é estabelecer regras claras e normas que devem ser obrigatoriamente cumpridas, protegendo todos os envolvidos no processo, assim como o próprio material em questão.
A RDC traz detalhadamente quais são as orientações para:
- embalagem e acondicionamento
- rotulagem
- responsabilidades de transportador, receptor e envolvidos no manuseio
Quais procedimentos é preciso seguir?
O transporte de material biológico deve seguir rigorosamente alguns parâmetros de biossegurança, que garantem que ninguém seja infectado no processo ou que as amostras não sejam desqualificadas. Todo esse processo é composto por etapas que vão do embalamento do material até a chegada dele no consumidor final. Quando tudo é feito da maneira recomendada, as chances de proteção aumentam consideravelmente, o que é fundamental.
Todo prestador de serviço, que trabalha com essa categoria de transporte, deve ter essas práticas como um verdadeiro manual de instruções para conduzir cada uma de suas demandas. Até mesmo em casos de incidentes, seguir a regulamentação garante que ninguém seja infectado e que o problema esteja devidamente contornado. A seguir, entenda melhor quais são esses procedimentos e quais cuidados compõem cada etapa:
Classificação de substâncias infecciosas
A classificação é crucial para que todos os envolvidos no processo de transporte de material biológico saibam quais os níveis de risco de infecção envolvidos. Essas rotulações ajudam os trabalhadores a estabelecer métodos mais rigorosos de cuidados de acordo com o nível de perigo. Diante disso, a ONU definiu um sistema único de classificação que é usado mundialmente. Esse método abrange todos os modais de transporte, com definições específicas para cada um deles.
Naturalmente, essas diferenciações impactam a maneira como as amostras biológicas são classificadas antes de entrarem em transportação. As classificações são nove no total, sempre considerando o seu potencial infeccioso.
A ideia é manter essas amostras bem conservadas dentro das possibilidades relacionadas ao modal escolhido, mas, também, no processo de embalagem e de manuseio geral e até à utilização. Os envolvidos nesse fluxo de trabalho precisam ter treinamento e certificação específicos, o que é uma obrigação regulamentada pela Anvisa e pela ONU.
Há duas categorias de tipos de materiais biológicos e essas classificações ajudam a definir os níveis de riscos envolvidos caso haja infecção. São elas:
- categoria A: a exposição às amostras pode causar morte, doença fatal e incapacidade em humanos e animais saudáveis
- categoria B: são infecciosas, mas não cumprem requisitos da categoria A, como morte e incapacidade permanente
Embalagem das amostras
Parte essencial dos cuidados, o acondicionamento e o embalamento são de extrema importância no que diz respeito à preservação do material biológico. Ao seguir os parâmetros, há a garantia de que as amostras não serão perdidas, não sofrerão nenhuma interferência e também não entrarão em contato com o ambiente ou com os trabalhadores.
O processo de empacotamento precisa ser feito diante de regras definidas corretamente — que estão devidamente relatadas no IATA PI 602 e PI 650. A padronização da IATA, inclusive, preza pela proposta de tripla embalagem, uma padronização internacional que garante a segurança do conteúdo dos produtos. O transporte, dessa forma, é seguro e, principalmente, garantido pela OMS.
Quanto às três embalagens utilizadas nesse empacotamento, a composição de cada uma é:
- primária: rótulo do recipiente, resistência reforçada, fechamento rosqueável e à prova de vazamento
- secundária: local em que o recipiente primário será alocado, também com a necessidade de ser à prova de vazamento. Esse compartimento não pode ter espaços vazios, o que poderia gerar atrito com o recipiente primário. Sendo assim, é importante preencher com material adequado que absorva impactos
- terciária: último compartimento e totalmente externo, ele vai abrigar os dois primeiros. É importante que seja rígido e resistente, capaz de suportar os impactos sem transmiti-los para as outras fases de proteção
Abertura das embalagens pelo destinatário
O transporte de material biológico também deve abranger cuidados na etapa em que as amostras não estão mais em curso, ou seja, que já chegaram ao destinatário. É fundamental que haja orientações básicas sobre os riscos de abertura dessas embalagens a quem receber o produto.
Quanto aos técnicos de laboratório, os cuidados básicos precisam ser executados de acordo com os parâmetros básicos, que incluem práticas como:
- uso de equipamento de proteção individual (EPI)
- não manusear recipientes quebrados ou com vazamentos
- abrir as amostras sobre bandejas
- utilizar desinfetantes para material biológico
- abrir as embalagens dentro de uma cabine de segurança adequada
Proteção de incidentes
Em casos de materiais infectantes, qualquer vazamento precisa resultar na interdição da área em que foi detectado o problema. Após isso, um levantamento mais detalhado deve ser feito sobre as informações desse material — o que permitirá o entendimento do procedimento que deve ser adotado logo em seguida.
O uso de material absorvente ajuda a recolher os vestígios em um primeiro momento. Após a absorção ocorrer por completo, é importante começar rapidamente a limpeza, sempre considerando os padrões de proteção e sendo feita por profissionais preparados para lidar com esse tipo de situação. Vidros e estilhaços devem ser removidos com o uso de ferramentas que não exponham mãos a cortes, por exemplo.
O uso de soluções descontaminantes também é fundamental logo após todo o produto vazado ser removido. Isso garante que o agente biológico que possa causar a contaminação seja totalmente removido do ambiente, o que reduz totalmente o risco. Quem esteve exposto ao material na hora do acidente também precisa ser encaminhado urgentemente a um médico para mais avaliações.
Quais são as boas práticas para o transporte de material biológico?
Algumas boas práticas são muito importantes para que o transporte de material biológico seja realizado dentro dos parâmetros que facilitam todos os envolvidos e que protegem as amostras.
A seguir, veja quais práticas devem ser conservadas no longo prazo e como elas impactam positivamente a rotina de transportadoras que precisam lidar com essas demandas:
Identificação adequada da carga
As cargas devem ser devidamente identificadas — o que precisa abranger a classificação de risco e se elas são da categoria A ou B. Essa é uma garantia primária de que o manuseio será feito com todo cuidado necessário.
É importante ter certeza ao fazer essa identificação, o que evita até mesmo erros nas análises do laboratório. Nesse procedimento, quanto mais informações, melhor. Isso ajudará na descrição detalhada do material, deixando claro quais são os riscos envolvidos no manuseio. Aqui, um profissional de laboratório deve supervisionar ou até mesmo preencher essas etiquetas.
Use os materiais apropriados
O primeiro ponto que precisa de atenção é a embalagem. Como você já viu neste artigo, é importante fazer o embalamento triplo, mas também é necessário ter atenção aos compartimentos. Há o risco de eles já estarem contaminados, o que pode ser um problema para a integridade do produto. Nesse cenário, o laboratório também pode ser prejudicado no momento da análise do conteúdo.
Os instrumentos de manuseio também precisam passar por uma inspeção prévia, que deve passar pela devida esterilização.
Relato adequado da variação cronobiológica
Amostras têm sempre um tempo máximo de validade, ou seja, depois daquele período elas perdem os seus compostos e princípios ativos. Por isso é fundamental ter a dinâmica exata no transporte, a fim de que o material chegue a tempo no laboratório de destino. Todo esse período se chama “variação cronobiológica”, isto é, as mudanças que o material pode sofrer no tempo de deslocamento.
A transportadora precisa estar atenta a esse tempo, garantindo que os padrões sejam respeitados. Dependendo da distância, é importante se adequar a algumas necessidades de conservação mais rigorosas.
Entenda a qualificação laboratorial
O cumprimento de necessidades de preservação no transporte de material biológico também depende dos laboratórios envolvidos no processo. É fundamental que ambos tenham as certificações pedidas para o manuseio das amostras.
O processo é chamado de “acreditação laboratorial” e consiste na busca do laboratório por esse selo de qualidade. Para as transportadoras, trabalhar com estabelecimentos que tenham essa certificação é a garantia de que todas as exigências sejam cumpridas — ou seja, o material entra em transporte dentro das condições necessárias. Logo, a certificação é uma proteção a todas as partes envolvidas na cadeia logística.
Como escolher a transportadora ideal?
Ao longo deste artigo você entendeu que o transporte de material biológico é uma demanda que envolve muitos cuidados. Diversos padrões de armazenamento, manuseio e transporte são exigidos a fim de garantir a integridade das cargas. A questão é que nem todas as empresas transportadoras estão prontas para atender a tantos requisitos.
Diante disso, a busca merece ir na direção de um prestador de serviço especializado, que tenha domínio completo dos procedimentos relacionados ao transporte de materiais biológicos. Para te ajudar a encontrar um prestador de serviço competente, listamos alguns detalhes que você deve incluir na sua pesquisa:
Cheque as certificações
Primeiramente, uma empresa de transportes que deseja trabalhar com materiais biológicos precisa ser certificada pela Anvisa. Somente a agência é capacitada a avaliar as práticas e os padrões realizados por essas companhias, seja no armazenamento de medicamentos e amostras, seja em processos de manuseio e deslocamento.
Indague a opinião de mercado
Quem está em busca de um prestador de serviço deve estar atento ao seu histórico exercendo a atividade. Nesse caso, a avaliação de quem já utilizou o transporte é fundamental para guiar você nessa decisão. Outros contratantes que já foram ou são clientes podem dar detalhes do procedimento e também de outras questões, como o atendimento.
Mais informações ajudarão a entender se a empresa que se posiciona como qualificada é realmente acessível, se mantém uma comunicação adequada e se executa as práticas exigidas diante dos parâmetros de segurança. Se o sinal for positivo, é possível seguir com a contratação do serviço sem medo.
No Brasil, poucas empresas são realmente capazes de fazer o transporte de material biológico com qualidade e é conduzida por especialistas. Um desses pontos fora da curva é a Atento Express, com vasta experiência no mercado e totalmente capacitada para as demandas aqui citadas. Respeitamos todas as regras da Anvisa e cuidamos meticulosamente de toda a cadeia logística para garantir um transporte de qualidade para seus clientes. Visite nosso site e conheça nossos serviços de transporte em diferentes modais.
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