Os desafios da logística e a vacina contra o Covid-19

Percebemos a grande importância dos modais de transporte de carga quando analisamos que, para escoar a tão aguardada vacina contra o Covid-19 pelo Brasil e pelo mundo, eles são fundamentais. 

Trata-se de um enorme desafio para a logística fazer com que a vacina alcance todos os lugares. O transporte aéreo, certamente, é um dos mais eficazes para o compartilhamento da vacina entre os países. Mas todos os modais são importantes nesse cenário. No caso do transporte intermunicipal e interestadual (e mesmo entre países fronteiriços), o modal rodoviário tem um grande destaque.

Vamos fazer um resumo sobre os desafios que o setor logístico enfrenta para cumprir essa missão. Todos esperam que essa pandemia fique sob controle o mais rápido possível e que toda a sociedade possa retomar suas atividades normais. 

Alguns dados surpreendentes da IATA

Para começar, vamos mostrar alguns dados que podem parecer irreais, mas são verdadeiros. Conforme a Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA), para levar somente uma dose da vacina a 7,8 bilhões de pessoas seriam necessários nada menos que 8 mil cargueiros Boeing 747, que são das aeronaves de maiores dimensões que existem.  

Apesar de não existir ainda data específica para que a vacina chegue ao Brasil, o setor logístico já causa preocupações em alguns especialistas. Rafael Bretas (responsável pela logística de remédios da Organização Internacional Médicos sem Fronteiras) disse que o transporte conseguiu se ajustar com rapidez às dificuldades que a pandemia gerou, mas ainda há outros problemas no caminho.

As dificuldades da logística em relação à vacina 

Quando a vacina contra a Covid-19 for descoberta, conforme afirma Rafael Bretas, será preciso garantir, além dos meios de produção, os meios de armazenar, transportar e distribuir o produto. 

A vacina faz parte do que se costuma chamar de “cadeia fria”, ou seja, é um produto que, para ser conservado, deve ser mantido sob temperaturas muito baixas (às vezes, abaixo de 0º C) para assegurar que alcance o consumidor final sem perder suas propriedades. A umidade também é importante, bem como evitar que ele seja exposto à luz solar.

O compromisso das empresas que transportam medicamentos

Para transportar medicamentos e outros itens da área de saúde, a empresa precisa ser especializada na operação, dadas as características particulares do produto. Eles exigem uma logística bem definida. 

Diante do cenário atual, com a pandemia fazendo novas vítimas, as empresas especializadas enfrentam duas dificuldades de peso: a urgência e a alta demanda. É fundamental que os produtos cheguem ao consumidor o mais rápido possível e há muitos consumidores esperando por eles. 

Nem sempre é possível satisfazer as necessidades da população, pois a infraestrutura rodoviária do Brasil ainda apresenta precariedade em diferentes trechos. Além disso, os medicamentos, como já dissemos, precisam de acondicionamento adequado, sob temperatura controlada. 

Mesmo antes do transporte e da distribuição, a logística enfrenta, portanto, o desafio do armazenamento apropriado. Vacinas são armazenadas em refrigeradores específicos e precisam de manutenção da temperatura, que fica geralmente entre 2º C e 8º C.

Os medicamentes são carga de alto valor agregado

Os medicamentos estão entre os itens de alto valor agregado e fácil revenda no mercado informal, conforme explica Rafael Bretas. 

Desse modo, tal como os cigarros e os eletrônicos, eles também são muito visados pelos assaltantes de carga. O assalto às cargas é um sério problema que afeta nosso país e deve ser considerado na hora de planejar o transporte de medicamentos — principalmente, quando a vacina estiver disponível.

Em alguns casos, talvez seja necessária a escolta armada. Em outros, apenas o sistema de rastreamento pode funcionar. Essas decisões dependem de fatores como rota e distância a serem percorridas. 

Vemos, assim, que a logística precisa superar alguns obstáculos para garantir que o escoamento da vacina contra o Covid-19 seja bem sucedido. É preciso um trabalho conjunto de empresas privadas e públicas, órgãos do governo e da própria sociedade.

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